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Aula de Preparação para o Parto #3

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antes de falarmos sobre a aula de hoje, deixo uma reflexão. nós somos seres moldados pela sociedade que nos rodeia e quando somos pais pela primeira vez muitos são os conselhos ou ("desaconselhos") dados a cada esquina e muitas vezes sem os pedirmos. nós não aprendemos na escola como ser pais nem mães. aprende-se quando o momento surge! não pedimos que a sociedade nos diga o que devemos ou não fazer e para isso temos a família mais chegada ou os amigos. quando somos mães de primeira viagem a pergunta frequente é "prefere menino ou menina?" depois de dada a resposta,
dependendo da pessoa ou da sua experiência, pinta-nos o melhor cenário "ai é a coisa mais bonita do mundo!" ou o pior pesadelo "ai aproveite para dormir porque nunca mais vai ter uma noite de sono!" "o meu parto foi horrível!"... bem, na segunda gravidez, dependendo se a primeira foi menino ou menina "ahh e quando vem o menino/a?" como se fossemos rotulados a ter um casal! então se formos mães pela terceira vez "ahhh! foi acidente, não?!".
mais uma vez, vamos ignorar muitos dos palpites que ouvimos da sociedade em geral e deixar que sejamos nós pais a filtrar os bons palpites porque choro nem sempre é fome (e para os avós o pequeno neto tem SEMPRE fome por mais que já tenha umas bochechas bem redondas e rosadas), barrigas mais baixas não estão em perigo eminente de parto, o colo não é manha e a baba nem sempre são os dentes.

passando então à aula em si e saliento que esta partilha tem o intuito de auxiliar a nível geral mas sempre com a conclusão que cada bebé é um bebé, nem todos crescem de forma similar e todos os cuidados e actos de amor vão depender de cada família e da envolvência entre pais e filhos. cabe-nos moldar a cada situação e ver o que é melhor para cada bebé em específico, embora possamos assim corrigir alguns erros que fazemos por ver fazer e podem não ser os mais correctos.

hoje falamos sobre a segurança infantil. 
dentro deste tema muitos são os conceitos básicos que já todos conhecemos mas que importa reforçar e alguns que parecem óbvios, às vezes, não o são.
para o bebé, o mundo é uma nova descoberta e há todo um novo espaço por explorar: "as medidas de protecção não devem, tanto quanto possível, interferir com a sua liberdade de movimento".
desde já saliento que o conceito de recém-nascido é aplicado a crianças até aos 28 dias após o nascimento.
sendo assim, começamos por falar do famoso "ovo". a cadeira obrigatória para recém-nascidos após a saída da maternidade. este é um meio de transporte "exclusivo" para o carro. segundo as instruções do próprio deverá ser utilizado apenas 2h a 3h por dia. e o que é comum vermos? o bebé sai de casa no ovinho para o carro, sai do carro para o café e fica no ovinho. sai do café para o carro no ovinho, entra no centro comercial e passeia dentro do ovinho, volta para o carro e... chegando a casa como está a dormir não se acorda o bebé e mantê-mo-lo no ovinho!  - erro comum! este transporte não deve ser utilizado como constante na vida do pequeno. primeiro pelo desconforto que causa a quem o carrega visto ser bastante pesado bem como para o da própria criança. o facto desta permanecer muito tempo dentro deste transporte, poderá causar plagiocefalias e são mais frequentes do que pensamos. o crânio demora a fechar como todos nós sabemos (para facilitar na hora do parto e permitir o crescimento do cérebro) e o que acontece é que a cabeça do pequenino fica "deformada" ao constar na mesma posição por muito tempo. já todos vimos bebés com a cabeça mais direita na nuca (em vez da forma arredondada). ou ainda, os que tem a testa maior de um lado que outro. sim, existe! assim,  quando notamos que o nosso filho vira sempre a cabeça para o mesmo lado, devemos virá-la para o lado contrário. isto seja no ovo, no berço... desde já devemos ter em conta que a posição do ovo e da espreguiçadeira (se repararmos) é a mesma, logo devemos evitar também tirá-lo do ovo para a espreguiçadeira. estes dois meios deverão ser utilizados até aos 6 meses e quando pousados, fazê-lo sempre no chão e não em cima de mesas e cadeiras com perigo de queda.
a melhor posição para o nosso bebé será sempre deixá-lo deitado (no chão com uma mantinha ou tapete ou na sua cama, por exemplo) para que tenha liberdade dos seus movimentos, desde o virar da cabeça aos movimentos dos braços e pernas. 
no seu primeiro mês este dorme muito. entre a 3ª e a 4ª semana assistimos a um pico de crescimento e desenvolvimento em que tem mais fome, a roupa mais pequena deixa de servir e começa a observar o mundo à sua volta.
no seu segundo mês de vida, dorme menos e começa a fase oral (exploração) que deverá durar até aos 2 anos e meio. reparamos nesta fase que começa por levar as mãos à boca e baba-se muito (não serão os dentes!). os pais retiram as mãos e colocam a chucha ao que a criança vai cuspir a chucha e voltar a colocar as mãos uma vez que é a forma que tem de explorar o que são aquelas duas formas e não pretende sugar (chucha) mas apenas conhecer. é a partir do final desta fase que se deverá retirar a chucha. será mais fácil retirá-la aos 2 anos e meio que aos 4. 
no terceiro mês é importante e hoje não tão executado o deitar a criança de barriga para baixo (quando acordado) para que este comece a elevar a cabeça fortalecendo o pescoço e consecutivamente o elevar do tronco que vai estimular o movimento de gatinhar. (todos nós temos aquela foto de praxe deitados de barriga para baixo e tronco e cabeça erguida, maioritariamente nus!) o não executar este passo vai atrasar o desenvolvimento da coluna uma vez que não há estimulação se o bebé apenas permanecer deitado de barriga para cima.
mais uma vez, reforço a ideia que é importante deitar o bebé no chão ou num tapete para que haja a estimulação e desenvolvimento dos seus movimentos.
como preparar a casa para a chegada do pequeno ser? fazemos um exercício: senta-mo-nos no chão e verificamos à volta tudo o que está de errado: os cantos dos móveis é frequente, jarros, balde da esfregona com água, tomadas... alerto para os carregadores que deixamos ligados à ficha sem nada estarem a carregar, por curiosidade, a criança vai pegar e colocar na boca. o resultado é o que se espera, infelizmente.
o quarto que começamos a preparar desde cedo deverá ser seguro, funcional e confortável. amplo o mais necessário. chão e espaço é sempre importante. este é o melhor sítio na hora de brincar!
na hora de fazer a cama  (e todos sabemos fazer uma) a do bebé deverá ter apenas um lençol (mais umas mantinhas, claro!) e o mesmo será colocado por baixo e voltado para cima para tapar (a conhecida cama à espanhola. para quem não conhece, imaginem uma folha de papel dobrada ao meio - assim será o lençol), isto para que os pés do bebé batam no fundo do lençol e não o deixem escorregar pela cama ou então fazer a cama a partir dos pés da mesma e assim a criança fica deitada do meio da cama para baixo. também não se devem colocar edredãos uma vez que podem sobreaquecer bem como o facto de serem moles podem causar asfixia se junto à boca e nariz. almofadas também não deverão ser utilizadas, brinquedos, gorros... na cama só deverá constar o bebé e a roupa da cama.
quanto à roupa de bebé esta deverá ser sempre lavada. seja roupa nova comprada em loja, emprestada ou arrumada há muito tempo. na lavagem não utilizamos amaciador pois se tem um cheiro agradável, também contém químicos. devemos cortar as etiquetas que permanecem junto à pele e a roupa deve ser respirável bem como não colocar em contacto com a pele as conhecidas botinhas de lã.
os brinquedos devem ser seguros, laváveis e grandes. com isto falamos do engasgamento.
entre os 6 e 9 meses é uma boa altura para introduzir alimentos cortados em bocados (pequenos) pois embora a criança possa ainda não ter dentes mas já quer iniciar o movimento de mastigar. assim, deixamos de dar tudo passado e podemos introduzir a colher ou mesmo dar para a sua mão pequenos pedaços para que ele explore os mesmos. a banana é um bom exemplo.
muitos pais não o fazem por medo que este se engasgue. bem, é um medo plausível uma vez que eles estão pela primeira vez a explorar os alimentos. quando acontece o erro frequente é soprar. isto fará com que o bebé se assuste e em vez de tossir para expulsar vai inspirar e assim piorar o engasgamento. devemos deixar que ele tussa e se caso começar mesmo a sufocar, virá-lo de imediato de barriga para baixo e bater nas costas com um movimento seco de baixo para cima até que chore. quando chorar, está a respirar! - um pouco severo mas crucial na hora de salvar uma criança ou mesmo um adulto pois nesta hora não há tempo de chamar ninguém e muitos são os casos de morte por asfixia por não serem executados os movimentos logo na altura.
passear com o nosso filho no primeiro mês de vida é aconselhado após a segunda semana e em locais ao ar puro. centros comerciais não serão os indicados. o passeio pode ser executado através de um sling, pano portabebés ou num marsupial. este último se o desejarmos utilizar deverá ser realmente bom uma vez que os existentes no mercado não são os mais indicados tanto para as costas da mãe como para a criança que não deverá andar com as pernas penduradas com perigo de prejudicar as articulações.
no transporte de carro usaremos sempre o ovo e nada mais. alcofas não são utilizadas para o transporte no carro mesmo quando a vendedora nos diz que é devidamente homologada. o bebé deve passar do ovo para a cadeira quando já não cabe e não se vê pelos pés de fora do ovo mas sim pela cabeça. quando esta passa acima do ovo mesmo que, segundo as indicações, sirva até aos 13kg mas nem todos os bebés crescem da mesma forma.
também sabemos que os airbag's são excelentes protectores mas não quando se trata dos nossos pequenos. devemos transportá-los no banco de trás e se vamos sozinhos o mesmo deverá acontecer. caso os queiramos colocar no banco do pendura o airbag deverá estar desligado. em alguns carros não existe essa opção e assim o transporte continua a ser aconselhado no banco de trás. 
por último e não menos importante, é obrigatório ter em casa um termómetro. não precisa ser daqueles muito caros. o mais barato do mercado serve! apenas queremos um termómetro que nos indique a temperatura do bebé, digital e funcional.
nos bebés a febre pode medir-se na testa, no rabo, na virilha, no ouvido ou debaixo do braço. sendo que a OMS considera febre a partir dos 38º, devemos ter em conta que a temperatura externa (testa, virilha e braço) é diferente da temperatura interna (ouvido e rabo) uma vez que esta tem mais meio grau acima. Assim, 38º para a temperatura externa e 38.5º para a temperatura interna consoante o sítio onde medirmos.
é importante saber que no primeiro mês de vida é grave se o bebé tiver febre. não será normal e devemos dirigir-mo-nos às urgências. irão mandar-nos para casa se for o primeiro dia de febre uma vez que só é indicada a deslocação ao hospital a partir do terceiro dia, contudo devemos insistir para que avaliem a saúde do nosso filho. de resto sim, devemos evitar levar a criança para o hospital uma vez que é lá que se encontra o maior risco de contágio, em contrapartida podemos e devemos optar pela linha de saúde 24 uma vez que muitas vezes a solução basta por um remédio da farmácia. no segundo mês já devemos ter em casa medicação para o combate à febre (paracetamol, supositórios...)

por curiosidade e para terminar esta publicação, quem sabia que o supositório é colocado com a base para a frente e a parte pontiaguda para trás? (há quem já os tenha colocado com a protecção!!!)

desculpem os longos post's sobre cada aula mas de outra forma não seria fácil explicar e partilhar convosco todas estas informações.
para a semana falamos sobre a fisiologia do parto! curiosos?

Comentários

  1. A sério que o supositório se mete assim? Eu meto sempre a parte pontiaguda para a frente. Sempre me ensinaram assim.
    Quanto ao post, gostei muito, pode ser logo mas explicas tudo muito bem explicadinho. Eu não tive aulas de preparação para o parto portanto tive de aprender tudo sozinha, mas parece que dão coisas muito importantes.

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  2. Não tenho filhos, mas tenho imensas amigas com bebés e achei interessante ler isto (= quanto à idade para retirar a chupeta, vai depender de criança para criança e do padrão de crescimento facial. Para muitas, dois anos e meio é demasiado tarde

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  3. Tem sido mesmo interessante acompanhar a tua partilha sobre as aulas de preparação para o parto. Aprende-se imenso!

    r: Muito obrigada :) desejo-te o mesmo

    Que giro! Por acaso, tenho alguns, mas não foram comprados/oferecidos com esse intuito. Sim, era interessante fazeres uma publicação a falar disso :D

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  4. Olha por acaso não me incomodei a ir às aulas de preparação lol porque nós como enfermeiros aprendemos a dar essas aulas, então não queria estar ouvir o que já sei. Fiz mal. Devia ter ido mais não fosse para conhecer outras mães da zona.

    Beijinhos,
    O meu reino da noite ~ facebook ~ bloglovin'

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